terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Entrevista - Revista InvestMais Dez/09


MAT HEUS MASSARI


“O mercado de ações é o patrão mais justo que existe”

p o r  F R A NC I S C O  T R AMU JA S


O professor Matheus Massari teve o primeiro contato com o Mercado de Capitais ainda na faculdade, mas só começou a operar no mercado financeiro em meados de 2005, quando pediu demissão de um cargo de gerência para trabalhar um tempo como trader. Hoje, além de operar diretamente no mercado de ações, Massari ensina estratégias e técnicas de investimento no curso de imersão para trader profissional pela Trader Brasil Escola de Investidores.

O que te atraiu para o mercado de ações?

O mercado financeiro tem várias vantagens se comparado ao trabalho convencional. Nele, não temos de encarar problemas com fornecedores, clientes, colegas de trabalho ou qualquer outro similar. Além disso, o mercado é o patrão mais justo que existe, pois paga sempre pela qualidade de seu trabalho. Se você for competente, será, inevitavelmente, bem pago. Então, não há desculpas,como: “Não tive a oportunidade de ser promovido” ou “Não sou pago o suficiente por meu trabalho”. São essas características que realmente me chamaram atenção e, é claro, as vantagens de horário e local de trabalho flexíveis.

Que fato mais o marcou no mercado financeiro?

Sem sombra de dúvidas, foram as consequências da crise imobiliária. Foi um fato mundialmente marcante, mas que, devido ao know-how adquirido, soube lidar com a situação saindo com bons ganhos do que, para muitos, foi um grande desastre financeiro.

Em algum momento você já teve vontade de sair da bolsa?

Como tudo na vida, a prática gera melhores resultados. Mas algumas frustrações do início me fizeram repensar se minha escolha havia sido acertada. Ainda bem que persisti!

Você se considera um investidor conservador, moderado ou arrojado?

Conservador. A melhor maneira de enriquecer é por meio de ganhos consistentes. De nada adianta ganhar muito em um mês e perder quase tudo no mês seguinte devido à exposição ao risco.

Quanto dos seus investimentos são em bolsa?

Isso varia durante o ano, mas não ultrapasso os 25%.

Você investe sozinho e/ou por meio de clubes de investimento?

Sozinho.

O seu projeto de investimento é de curto, médio ou longo prazo?

Curto e longo prazos. Parte dos meus ganhos contribui para as minhas despesas do mês, e o restante para o meu plano de aposentadoria.

Antes de iniciar os investimentos, qual é a sua preocupação?

Limitar o risco. Grandes ganhos não vêm, obrigatoriamente, atrelados a grandes riscos.

Por que investir na bolsa?

Cada vez mais vemos a renda fixa perder rentabilidade. Observamos isso em países desenvolvidos, em que  taxas de juros pagas são muito baixas. Como o Brasil caminha para um desenvolvimento de maneira consistente, as receitas em renda fixa são e serão mais ralas a cada ano, e a renda variável vem a compensar esse desequilíbrio.

Como você escolhe as empresas as quais irá investir?

Faço um trabalho de filtragem por meio da análise fundamentalista e de cenários macroeconômicos. As empresas interessantes são colocadas em meu “radar” e, a partir daí, analiso-as graficamente.

O que você analisa antes de comprar uma ação?

Liquidez é essencial. Poder entrar e sair da operação em qualquer momento é algo que realmente considero importante. Além disso, a empresa deve ter boa volatilidade para que possa gerar bons ganhos rapidamente.

Suas ações caíram, e agora?

Só opero, seja como “comprado” (ter uma posição em que você ganhe na alta) ou “vendido” (ter uma posição em que você ganhe na baixa), com um planejamento “montado”. Nesse planejamento, consta qual será o meu objetivo de ganho e o ponto em que jogo a toalha caso esteja errado. Em resumo, sempre sigo meu plano, mesmo que isso doa.

Com que frequência você verifica suas ações e rentabilidade?

Varia de acordo com a operação. Em meu planejamento, eu tenho, por meio da análise técnica, um referencial de tempo, de duração da operação. De nada adianta checar o andamento a cada 15 minutos se a duração prevista da sua operação é de sete semanas.

Qual é o segredo para se manter tranquilo nesse momento de crise?

Conhecimento. Para o leigo, é difícil entender que é possível ganhar dinheiro com o mercado em baixa, mas alguém com o mínimo de conhecimento na área sabe que se pode operar “vendido”. Essa operação não é a de venda comum, é uma operação que permite ganhar dinheiro à medida que o mercado cai. Vale a pena se instruir!

Qual é o conselho que você daria aos novos investidores?

Não há dinheiro fácil. Estudem e serão pagos pela qualidade de seu trabalho.

Como você viu a crise? Podemos dizer que o pior já passou?

Há um ditado que diz: “Nada que está muito bom pode melhorar”. A recuperação do mercado foi muito rápida e, por isso, é esperada uma nova correção. Basta imaginar que quem foi escaldado com a crise e viu seu dinheiro recuperar parte do fôlego está preocupado em, ao menor sinal de queda, proteger seu dinheiro e não cometer o mesmo erro do pré-crise, ou seja, no primeiro vacilo do mercado, uma grande massa de investidores venderá suas posições e o mercado derreterá mais um pouco.
Mas, mesmo assim, acredito que o pior já passou, e essa correção não será como um outro apocalipse, e sim apenas um ajuste mais agressivo dos preços.

Qual é a sua estratégia para obter bons resultados?

A mesma de antes: planejar e executar o planejado.

Como escolher a melhor corretora?
Há várias corretoras com vantagens e desvantagens que completam as necessidades de cada perfil de investidor, cabe a cada um a escolha.

Você investe em IPOs?

Não costumo, porque meu planejamento fica falho uma vez que não tenho gráfico dos papéis que ainda serão negociados.

Pequenas ou grandes empresas, qual delas você prefere?

Blue chips, porque as grandes empresas têm maior liquidez.

Qual é a mensagem que você gostaria de deixar aos investidores?

Canja de galinha e uso de stop loss (ordem de venda automática) não faz mal a ninguém.

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